quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

The Kindness of Strangers

“Two things to travel: the first is that when you travel, at some point, you’ll find yourself out of money, out of food, unable to find a hotel room, lost in a big city or on a remote trail, stranded in the middle of nowhere. The second is that someone will miraculously emerge to take care of you - to lend you money, feed you, put you up for the night, lead you to where you want to go. Whatever the situation, dramatic or mundane, some stranger will save you.”


"Duas coisas sobre viagens: a primeira é que quando estiver viajando, em algum momento você se encontrará sem dinheiro, sem comida, incapaz de encontrar um quarto em um hotel, perdido em uma cidade grande ou trilha remota, preso no meio do nada. A segunda é que alguém vai miraculosamente surgir e cuidar de você - te emprestar dinheiro, alimentá-lo, te oferecer um lugar para dormir a noite, te levar aonde você precisa ir. Não importa qual seja a situação, dramática ou mundana, algum estranho vai te salvar."


A citação acima é parte da introdução de um livro chamado "The kindness of strangers" ("A bondade de estranhos") que fala essencialmente sobre a bondade aleatória, despretenciosa com que invariavelmente somos brindados quando estamos viajando e nos encontramos em situações de apuro.


A minha intenção com este post é iniciar uma sequência de posts com o mesmo objetivo do livro coletar histórias de viajantes que já se encontraram em situações difíceis durante suas viagens e foram miraculosamente resgatados.


Vou começar com a história de uma conhecida minha que, não suportando mais a sua vida no Brasil, resolveu se mudar de mala e cuia e ser babá de uma prima na Inglaterra. Como muitos, ela não falava inglês e logo que chegou viu-se extremamente dependente da prima e da comunidade brasileira em geral. Um dia, não aguentando mais ficar em casa sozinha quando a prima saía, ela decidiu se aventurar pela metrópole, Londres.

Andou tanto que se perdeu, e não sabia nem como nem onde encontrar uma estação de metrô que a levasse de volta.O dia já ia avançado, e a perspectiva de passar a noite ali, era desesperadora! Ela sentou num banco em uma praça e chorou. Já estava chorando há mais de uma hora quando um senhor parou a seu lado e falou qualquer coisa em inglês, ela não entendia na época, então não posso relatar o que foi... Os dois passaram uns 10 minutos tentando travar u diálogo em que o tal senhor pudesse entender o que ela queria ou ela o que ele dizia. Enfim, ele fez um final a ela como se estivesse segurando um lápis e ela fez um sinal afirmativo com a cabeça. O senhor então produziu um papel e caneta no qual ela anotou aonde queria ir e a estação do metrô. O senho então sorriu e apontou para a estação do metrô mais próxima que, ironicamente, ficava há menos de 2 quadras de onde ela estava sentada. Ela sorriu, finalmente, após inúmeros "tenk yus" a seu salvador, entrou na estação e foi para casa. Ela nunca mais saiu sem papel e caneta nem reencontrou o tal senhor.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cultura Blog: Diário de uma exploradora Parte 1

Terça feira, 24 de fevereiro de 2009.
Querido diário,
Hoje faz pouco mais de uma semana que aterrisei nesse país dos blogs. Até agora, sinto que minhas observações estão um pouco desconexas porque são muitas informações para absorver, mas vu tentar resumir o que estou aprendendo...
Assim como o povo do Brasil são os brasileiros e a cultura brasileira, o povo daqui se auto entitula bloggeiros, mas ainda não consegui definir se seria correto chamar analogamente a cultura de bloggeira (?)...
Bom, sobre os "bloggeiros", sinto que são um povo complexo e acho que vou demorar um pouco ainda para me familiarizar com o vocabulário e costumes deles... Eles usam expressões como "me acompanha pelo twitter" e "RSS" que eu francamente ainda não decifrei... O que sei é que são curiosos, parecem gostar muito de ler porque acompanham uma quantidade absurda de blogs uns dos outros, em geral, parecem não gostar de gente que pede para trocar links (isso eu ainda não sei ao certo...) e são muito criativos. Obviamente, parecem ser todos habilidosos com o computador, porque eu fico aqui tentando dar uma carinha bonita para o meu blog e caio sempre nas mesmas opções!
Semana passada aconteceu uma coisa boa, uma moça viu meus comentários em um site e veio aqui. Meu primeiro contato! Ela disse que estava gostando dos meus textos e até se tornou minha "seguidora" (é, tem isso...), mas das duas uma: ou eu cometi algum deslize social que ela não gostou ou eu não consegui escrever muitas coisas interessantes e ela se foi... Não parece promissor né? Mas uma nova semana começa, e com ela renova-se a esperança! hehe
Tem alguns assuntos também que eu coloquei na minha lista de coisas que preciso pesquisar mais para a próxima semana, um tal de page rank e LD do yahoo..., mas eu chego lá... esse povo também é bastante prestativo, observei que não tem pergunta que fica sem resposta nessa terra.
Enfim, estou gostando do lugar, ele tem potencial... ainda me sinto um pouco sozinha, mas creio que é uma questão mais de aprender o idioma e ir conhecendo gente.
Vamos lá!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lar doce lar

Hoje eu estava pensando sobre o que faz a gente se sentir em casa... Não em casa na nossa casa, mas confortável na nossa pele, de que habitamos o nosso pedacinho do mundo e etc.
Esse "fenômeno" de se sentir em casa é bastante fácil de se identificar quando se está em casa, der! Parece bobo, mas é quando se viaja que se entende a dimensão desse se "sentir em casa".
Aqueles que já moraram fora sabem bem do que estou falando, a primeira vez que chegamos em uma casa nova, um lugar novo, e o telefone toca, por exemplo, você entra em pânico porque não sabe como atender, ou você atende automaticamente e quando a pessoa do outro lado diz algo que você não entende aí você entra em pânico... nessa hora, uma atividade corriqueira para você, se torna uma novidade. Nessa hora você percebe que sabe muito pouco de como se vive naquele lugar... "Como falar com as pessoas nas lojas? o atendente do supermercado? a telefonista da chamada internacional?" e percebe também que nunca havia pensado sobre isso...
Todas essas coisas que eram naturais para você, porque eram parte da sua CULTURA, em uma cultura diferente se tornam obsoletas, pelo menos até que você entenda o que também é parte da nova cultura em questão.
É nesse momento que todos entendemos o tamanho do desafio que nos espera e existem duas reações comuns. A primeira, de pânico total, você aprendeu tudo aquilo, inclusive a falar, quando era bebê e nem lembra mais como fez, e agora?! A segunda, de fascínio, porque até atender o telefone passa a ser algo fora da rotina e, portanto, desafiador.
Então, você é estrangeiro e, definitivamente, NÃO está em casa.
Feitas essas considerações, chega-se facilmente à conclusão de que se sente em casa quando se está em casa, e, se sente fora dela quando se está fora! Der, de novo! Seria simples, se fosse só isso, mas é possível se sentir em casa fora de casa? é possível se sentir fora dela estando em casa?
A minha opinião é que sim! Quantos de nós não se mudam permanentemente para outros países e constroem lá seus lares? Ou mesmo quantos não se mudam temporariamente e descobrem que não querem mais voltar? Ou ainda, quantos não vão sem ver a hora de voltar? quantos não se sentem fora, estando em casa?
Vocês já devem ter percebido que eu gosto de perguntas, isso é porque as perguntas certas levam às grandes descobertas e sobre essas perguntas eu tenho um palpite.
A cultura tem um papel fundamental na vida em sociedade, ela determina o que se pode ou não fazer, e como se deve fazê-lo, por exemplo, quando se pede por favor e quando um sorriso simpático basta, quando se dá uma gorjeta e quando não, ou seja, ela determina o que é ser "educado" e o que é ser "sem educação". Ela determina outras coisas também, mas essencialmente fazer parte de uma cultura é seguir as "regras implícitas" que ela impõe.
Na minha opinião, adaptação é essencialmente isso, é perceber o que é implícito naquela cultura e sociedade e se sentir confortável seguindo essas "regras".
Muitas vezes a gente vive sob uma cultura que não nos incomoda e um belo dia mudamos de país e encontramos um código que tem muito mais a ver com o que queremos para nós. As pessoas que encontram isso, são as que querem ficar, as que se voltarem não se adaptam mais, porque encontram um código, mesmo que um amálgama de dois códigos presentes nela, que as satisfaz, estão em casa.
Já as pessoas que não conseguem se distanciar, mesmo que somente para poder observar, de sua cultura e perceber o código implício na nova cultura, essas pessoas nunca vão se sentir seguras de estar fazendo a coisa certa, e portanto, nunca vão estar em casa.
Eu acredito, que algumas pessoas nasceram para "encontrar" a sua casa em algum lugar aonde se sintam confortáveis e habitar nela. Outras, nasceram com a capacidade observadora de rapidamente "perceber" a cultura do local aonde se encontram e logo se sentirem confortáveis nele, essas pessoas carregam sua casa, essa capacidade de se sentir a vontade, dentro de si e estão em casa em QUALQUER LUGAR.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dos "Por quês?" e "porques"

Em inglês, quando se ama alguém se diz que se está "in love" e quando se está apaixonado também se está "in love". O que isso significa? Criou-se em português duas palavras para o mesmo sentimento ou em inglês se considera dois sentimentos com sendo a mesma coisa?
Isso é uma questão linguística ou cultural?
Os ingleses sentem como os brasileiros ou fato de escolhermos maneiras diferentes de nos referirmos aos "mesmos sentimentos" mostra que sentimos diferente também?
Ser humano é ser humano independentemente de sua origem? Quanto de nós, e dos nossos sentimentos, é determinado pela cultura de onde viemos ou mesmo pelo nosso idioma?
Aprender um novo idioma significa aprender a sentir de outra forma? E viver uma outra cultura?
A primeira vez que entrei em contato com uma nova cultura eu tinha 9 anos e me revoltei porque não me entendiam, na época minha mãe me explicou que se quisesse me comunicar com aquelas pessoas deveria aprender inglês. Aos 14 eu era fluente, e lidava principalmente com estrangeiros que vinham ao Brasil, acreditava ser genuinamente preocupada e entendedora das questões culturais. Aos 17 fui fazer intercâmbio na Austrália, lembrando que já era fluente, e quantos problemas a minha fluência não me causou! Pelo fato de eu falar o idioma, as pessoas assumiam que eu sabia o que está fazendo, que tinha o mesmo referencial que elas e não entendiam como eu não entendia o que eles queria dizer!
Foi nesse momento em que realmente me apaixonei pelas questões culturais, quão fantástico e quão difícil é entendermos que as pessoas não "pensam" (pensam aqui engloba falam, agem, sentem...) como nós!
E uma pessoa que foi criada ou tem pais de nacionalidades diferentes? Ela não pensa como ninguém? Ela está sozinha? é livre?
Esse blog é para que todos os que se fascinam com as possibilidades que as diferentes culturas trazem para as relações humanas, como eu, se coloquem, perguntem e partilhem suas descobertas.
E para começar a fomentar a discussão, quero deixar uma pergunta: quanto de você, é seu e quanto é seu porque você vem de onde veio?
Saudações a todos!