terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

As Palavras

Hoje vim tirar um pouco a teia de aranha do meu blog com uma questão que já me intriga a alguns anos... as palavras.
As palavras são ferramentas do senso comum. Quando atribuimos palavras ou "nomes" a objetos, atitudes e sentimentos, o que estamos fazendo é criar um recurso de compartilhamento e reflexão. Ou seja, as palavras me permitem explicar a você e mim mesmo um evento, um sentimento e etc, e consequentemente nos permite nos entender em sociedade... Mas será mesmo?
Não vou nem entrar no mérito de outros idiomas, vamos considerar como se todos falássemos o mesmo idioma, ainda assim... será que o que entendemos que este ou aquele "nome" represente é o mesmo que os outros entendem?
Digo isso, porque esta questão do significado que se atribui a uma palavra, parece viagem, mas afeta muito as nossas vidas...
Por exemplo, não vou usar a palavra "amor" de novo, porque esta eu já usei em outro post, mas vamos pensar na palavra "medo"... Os "medrosos" descrevem medo como um sentimento de alerta paralizante, que embota os sentidos e te deixa incapacitado; já os corajosos, sentem o medo como um sinal de alerta, talvez, mas como uma força que os impulsiona a querer ultrapassar os seus limites e superar o medo...
Agora, transfira este raciocínio de duplo sentido para a palavra "fidelidade", por exemplo, e imagine quanta confusão isso pode causar!
Ou mesmo no mundo do crime, onde existe "honra", que "honra" pode ter um bandido?! Certamente não "da minha"...
A gente não precisa nem falar de sentimentos e conceitos. Faça um teste: descreva um objeto a uma pessoa que não o está vendo e veja se ela desenha o que você viu... raramente!
Parece bobagem, mas quando a gente vive em outra cultura a gente se vê muitas vezes em situações assim, em que alguém diz "Isso é falta de educação!", por exemplo, e você pensa "Não não é!". Se a gente se acostumasse a pensar que "pode ser" e esclarecesse o que as palvras significam para quem as profere, e só então atribuíssemos o nome "cabível" em nosso código se significados, imagina quanto confusão as palavras poderiam evitar! ; )
Food for thought!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Talent is breath taking"

O talento humano é algo que sempre me "tira o fôlego".



Todas as cenas de pessoas sendo premiadas pelo seu talento me fazem chorar, de vitória na Copa do mundo a entrega do prêmio nobel.
E o talento não é só emocionante, é inspirador! Quantas vezes a gente não vê alguem cantando lindamente, ou uma atuação brilhante num filme e pensa: "Como eu queria cantar ou atuar assim!"
O que acredito que gente queira na verdade é a sensação de fazer algo tão bem, porque é aquilo que a gente gosta e foi posto neste mundo para fazer. É a sensação de plenitude que se experimenta quando se está exatamente aonde se quer, fazendo aquilo que a gente faz de melhor!
Quem já experimentou sabe, é fantástico, e vale uma vida de sacrificios, vale a disciplina, vale toda a jornada. É quanto cada pedaço do quebra cabeça da nossa vida se encaixa perfeitamente,de maneiras que a gente nunca imaginou e a gente só sabe definir isso como felicidade. Isso é felicidade!
Caros seguidores que ainda não me abandonaram, apesar dos meses de silêncio, desejo que o talento os inspire! Que vocês encontrem os seus talentos e sejam o melhor que puderem ser, porque esta é a verdadeira busca pela felicidade!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Você julga um livro pela capa?

Eu estou muito sem tempo para postar, mas esse vídeo merece ser visto... Não incorporei porque a opção está desativada, mas vão lá no You Tube aqui
Será que um dia nós vamos aprender a não olhar com os olhos que vêem, mas com os que sentem?
Bom feriado a todos!!!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vem cá menino, sua mãe não te deu educação não?

Em primeiro lugar, está tarde, já é meia noite, eu passei o dia todo traduzindo, então quem ler esta postagem terá que me perdoar eventuais "erros de desatenção". Eu já tinha desligado meu PC, estava a caminho dos braços de morfeu e pensei: "Mas eu tenho que escrever sobre isso! Tenho que tirar isso da minha cabeça para poder dormir". Tendo dito isto, quero falar sobre boas maneiras: "É menino! Sua mãe não te deu educação não?!"
Nos tempos da minha avó, ser "bem educado" era obrigação, ela conta que você que não fala-se "muito obrigado" quando recebesse alguma coisa que ia descobrir em casa o uso da borracha no chinelo de pano da sua mãe! Porque era obrigação, e todo mundo vivia sob pressão para não faltar com respeito, não ser indelicado e etc., se alguém fosse mal educado era uma afronta! Era como desfilar com um prato de comida na frente de um refugiado africano. Imagina quantos "filha da puta", "vai tomar no seu c...!" que não foram reprimidos! Acho até que foi por isso que se criou as reuniões "só para homens", futebol, e etc. Já viu homem que não precisa xingar?
Mas isso não vem ao caso, o fato é que lá pela época dos meus pais, as pessoas resolveram se rebelar, queimar sutiãs, protestar nas ruas e falar palavrões... daí para frente fazer todas essas coisas virou sinal de "liberdade". Também pudera, o negócio era espartano. Os artistas na televisão xingavam, "quebravam tudo" e a galera aplaudia, os filhos queriam poder falar "de igual para igual com os pais", queriam poder se dirigir aos professores sem medo, e além de sinônimo de "falta de liberdade", educação passou a ser taxada como uma "formalidade" que só era útil, se necessária.
A coisa foi para o outro lado, quando eu era criança, você era ensinado a falar "por favor" e "obrigado", claro, não falar de boca cheia, não cuspir no chão, sei lá, e essas coisas, mas se você pedisse licença por exemplo para entrar na casa da sua avó, ela ficava ofendida, porque: "Onde já se viu ter que pedir licença para entrar na casa da vó?". Se seu amigo abrisse a geladeira da casa dele, te desse um negócio para comer e você agradecesse era: "Que isso?! Não precisa disso não, pega aí!". E a coisa foi piorando... fui crescendo e se você fosse sair com um cara e ele falasse "por favor" e "obrigado" o tempo todo e fosse todo cortês, no começo você ficava toda "nossa!", mas depois se perguntava se ele não era "meio gay". Enfim, a coisa chegou num ponto que nem se falava "boas maneiras" mais, achei que o negócio ia sumir.
No entanto, ultimamente, venho observando o que me parecem ser as "linhagens resistentes das boas maneiras". As pessoas ficaram tão duras umas com as outras e com a vida que hoje em dia, que ser tratado com educação e cortesia está virando quase que um presente, uma coisa de elite, um luxo. Quem não se impressiona quando se depara com alguém extremamente educado? A gente se impressiona tanto, que tem que tomar cuidado para não confundir cortesia com competência! Faz um teste: Liga num lugar, ou vai numa loja, aonde você sabe que o atendimento é ótimo e vê se você não acredita em tudo o que o cara te diz?
Educação virou estratégia de marketing! Quem diria!
É interessante a gente ver como os "valores" são cíclicos, como tudo, a gente faz revolução, faz revolução, e termina que nossa revolução última é voltar para de onde viemos e chamar isso de "insight".
"Insight" ou não, as educação está voltando com tudo! As pessoas estão tão carentes de gentileza que ser gentil é quase um ato de caridade. A boa notícia é que é daquele tipo de caridade que a gente lucra também, porque quando a gente é gentil e educado com os outros, em grande parte das vezes, eles nos retribuem, e percebemos como somos carentes de gentileza também, como nos impressionamos quando vislumbramos humanidade nas outras pessoas... E se isso não for motivo para ser gentil e educado... "Vem cá menino, sua mãe não te deu educação não?"

domingo, 5 de abril de 2009

Devaneios de domingo a tarde

Essa semana foi punk, Graças a Deus! Não se reclama de trabalho né? Ainda mais quando se deixa tudo para se fazer o que gosta... A verdade é que nem sei mais em que língua que meu cérebro anda, porque eu traduzi tanto essa semana! Hoje mesmo, eu estava lá traduzindo e bateu aquela fome... como sou a única 'loser' que fica lá trabalhando no domingo, não tinha compania para almoçar e aí veio o dilema...Cozinho, mais comida do que posso comer, como, em três segundos, e lavo tudo, ou vou a um restaurante sozinha... Escolhi o restaurante. Peguei minha comida, sentei lá e pensei, por que não? Vou tomar uma taça de vinho!
Quando o vinho chegou, eu dei o primeiro gole e logo me senti em um outro lugar, ele tinha um gosto de um lugar e um tempo que eu fiquei muito feliz em lembrar e fiquei pensando sobre isso...
Nossos sentidos parecem ter um poder incrível sobre nós. Às vezes a gente sente um cheiro em um determinado momento e ele marca aquele momento. Dali para frente, todas as vezes que sentimos aquele cheiro nos lembramos daquele momento. O mesmo acontece para sabores, imagens, sensações físicas e etc.
As vezes a gente até escolhe marcar, sem saber, uma ocasião através dos sentidos. A gente se perfuma para sair, faz uma comida boa para dividir com os amigos, senta com alguém especial para assistir o por do sol...
E eu estava pensando... Se é assim? Porque então a gente não pode escolher eternizar os momentos especiais da nossa vida? Porque não investir pesado nos sentidos em tudo o que fazemos? Por exemplo, vai viajar? Troca de perfume, leva um cheiro novo e carrega ele com você a viagem toda. Na volta, aquele cheirinho vai te remeter à viagem. Não sei, mas tenho a impressão que os sentidos podem nos ajudar a criar 'atalhos' nos caminhos da memória. Se deliberadamente criarmos mais atalhos para as coisas boas do que para as coisas ruins, vamos viver lembrando e criando memórias felizes e aí, quem sabe a gente pode ter um momento asim, sei lá, sozinha num restaurante e rindo a toa!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Paradoxos

Hoje eu quis passar aqui rapidinho para registrar um paradoxo que acho muito intrigante:
Na Europa, sociedades igualitárias e salários justos colocam a maioria das pessoas mais ou menos "no mesmo nível". Ou seja, todos têm casas, carros, mas muitos não têm condições de pegar empregados e nem diversos serviços que dependam de mão de obra humana.
Em contrapartida, em função de vivermos em um país com abismal distância entre as classes sociais, e de haver a necessidade de criação de empregos extremamente mal remunerados para que a mola da sociedade gire, os privilegiados da classe média alta acabam tendo um padrão de vida que só os milionários têm lá fora, com vários empregados, casas grandes com piscinas, trocam de carro todos os anos...
Não canso de me divertir quando os estrangeiros vêm aqui e vêem o conforto em que vivemos e se perguntam se entenderam direito que o Brasil era pobre ou se acabaram de conhecer milionários. Não é a toa que eles se apaixonam e acabam ficando...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Um Tailandês em minha vida

Eu trabalho há 12 anos em uma ONG, sem fins lucrativos que envia e recebe intercambistas do mundo todo como forma de promover seus ideiais de paz, o AFS. Já ocupei vários cargos dentro dessa organização e atualmente sou presidente de comitê e conselheira dos estudantes da região interior paulista. Bom, estou contanto tudo isso para explicar como o Danny foi parar em casa...
Em uma ensolarada semana de janeiro me liga uma das funcionárias da secretaria executiva do AFS e diz: "Karen, a gente só está conseguindo achar escola para esse intercambista tailandês na sua cidade. Você deixa a gente por seu endereço como família temporária, só para ele não perder a viagem e vamos procurando uma família para ele?". Eu topei, mas nem falei nada para ninguém lá de case porque o combinado é que ele teria família até a sua chegada.
Algumas semanas antes do Danny chegar, ele não tinha família oficial ainda, mas recebeu nosso contato e mandou um e-mail para todos os outros membros da minha família, menos para mim. Foi assim que todo mundo ficou sabendo que o Danny viria...
Eu sei, meu pai ficou furioso! Minha mãe preocupada em onde colocaríamos o menino, meu irmão já viu que seria ele a perder o quarto...foi um rebu! Mas no fim das contas, somo brasileiros, e não vamos deixar um menino sem casa, então concordamos que ele podia ficar conosco até encontrarmos uma família para ele.
No dia 13 de fevereiro, o Danny chegou da Tailândia e continua lá em casa...
O nome dele, na verdade, é uma coisa complicada, tipo Sanrasurn lalala, mas, como todos os tailandeses, ele têm um nome "ocidental" que facilita a nossa vida.
Logo que o Danny chegou em casa, nas primeiras horas, mostrei a casa para ele, aonde ele ia dormir e tal e fomos para a sala conversar. Eu pulei no sofá, havia vários sofás e cadeiras vazias na sala, e ele sentou no chão. Como eu estou acostumada a assumir que tudo pode ser apenas uma diferença cultural, eu perguntei para ele porque ele não havia sentado em um dos sofás, e ele me explicou que na Tailândia os mais jovens sempre procuram se sentar em um nível abaixo dos mais velhos, e quando não dá para ser mais embaixo, tem que ser pelo menos no mesmo nível. Nesse dia o Danny foi dormir cedo, afinal havia viajado muitas horas e acordou no sabado de manhã chorando ao telefone com os pais.
Fico imaginando o que é vir de tão longe, aos 16 anos, para um lugar aonde não falam nada da sua língua e não só isso, mas as pessoas têm uma cultura tão diferente! Deve dar muito medo!
O Danny chegou aqui dizendo que a última festa que havia ido fora há anos atrás e que só saia com a família a noite para casamentos e aniversários. A vioencia e a prostituição na Tailândia faz com que os pais sejam extremamente cuidadosos com os filhos, e, como eles têm uma cultura muito forte de obediência, os filhos entendem e aceitam que só vão sair, ir para festas, beber e essas coisa quando chegarem à universidade.
Nas primeiras semanas, ele comia de boca aberta, falava pouco e só saioa de casa de dia, acompanhado e a convite. Ele conseguiu despertar uma irritação geral e irrestrita do tipo "Come parece um cavalo!", "Pensa que aqui é hotel?" "A gente está se esforçando, e ele?" e etc. Nem parecia que a missão do AFS, de promover a paz através do inetrcâmbio cultural fosse possível, nem para nós que já fazemos isso há tantos anos!
Mas a garra que ele tem ao estudar português e as matérias da escola, mesmo não entendendo nada; a humildade que ele tem em ouvir quando o aconselhamos a se abrir e falar mais; a rapidez com que ele aprende e assimila nossos hábitos; são fascinantes e impossíveis de ignorar!
Além disso, também estamos aprendendo muito, já assistimos a um vídeo (2 horas em Tailandês!!!!) de amor da Tailândia, com músicas tocadas em um instrumento muito legal (já esqueci o nome) típico de lá, já comemos comida tailandesa que o Danny cozinhou para nós, e aprendemos muito sobre os costumes da Tailândia.
Antes de termos o Dan em casa, a Tailândia era um país oriental com praias paradisíacas, aonde haviam filmado James Bond. Hoje, a Tailândia é um povo que homenageia seu rei a cada sessão de cinema (segundo o Danny, tem que ser antes da sessão começar se não o povo vai embora), que senta em um nível abaixo dos mais velhos, que tira os sapatos quando entra em casa, que proibe seus filhos de sair de casa até que tenham condições de se defender sozinhos, que estuda MUITO, que faz silêncio, que agradece o tempo todo, que tem nomes ocidentais porque sabem que seu idioma é muito difícil para o resto do mundo... Mas, principalmente, a Tailândia é a casa do Danny, nosso irmão, que de mansinho está conquistando nosso afeto e uma morada em nossos corações, para sempre!