Em primeiro lugar, está tarde, já é meia noite, eu passei o dia todo traduzindo, então quem ler esta postagem terá que me perdoar eventuais "erros de desatenção". Eu já tinha desligado meu PC, estava a caminho dos braços de morfeu e pensei: "Mas eu tenho que escrever sobre isso! Tenho que tirar isso da minha cabeça para poder dormir". Tendo dito isto, quero falar sobre boas maneiras: "É menino! Sua mãe não te deu educação não?!"
Nos tempos da minha avó, ser "bem educado" era obrigação, ela conta que você que não fala-se "muito obrigado" quando recebesse alguma coisa que ia descobrir em casa o uso da borracha no chinelo de pano da sua mãe! Porque era obrigação, e todo mundo vivia sob pressão para não faltar com respeito, não ser indelicado e etc., se alguém fosse mal educado era uma afronta! Era como desfilar com um prato de comida na frente de um refugiado africano. Imagina quantos "filha da puta", "vai tomar no seu c...!" que não foram reprimidos! Acho até que foi por isso que se criou as reuniões "só para homens", futebol, e etc. Já viu homem que não precisa xingar?
Mas isso não vem ao caso, o fato é que lá pela época dos meus pais, as pessoas resolveram se rebelar, queimar sutiãs, protestar nas ruas e falar palavrões... daí para frente fazer todas essas coisas virou sinal de "liberdade". Também pudera, o negócio era espartano. Os artistas na televisão xingavam, "quebravam tudo" e a galera aplaudia, os filhos queriam poder falar "de igual para igual com os pais", queriam poder se dirigir aos professores sem medo, e além de sinônimo de "falta de liberdade", educação passou a ser taxada como uma "formalidade" que só era útil, se necessária.
A coisa foi para o outro lado, quando eu era criança, você era ensinado a falar "por favor" e "obrigado", claro, não falar de boca cheia, não cuspir no chão, sei lá, e essas coisas, mas se você pedisse licença por exemplo para entrar na casa da sua avó, ela ficava ofendida, porque: "Onde já se viu ter que pedir licença para entrar na casa da vó?". Se seu amigo abrisse a geladeira da casa dele, te desse um negócio para comer e você agradecesse era: "Que isso?! Não precisa disso não, pega aí!". E a coisa foi piorando... fui crescendo e se você fosse sair com um cara e ele falasse "por favor" e "obrigado" o tempo todo e fosse todo cortês, no começo você ficava toda "nossa!", mas depois se perguntava se ele não era "meio gay". Enfim, a coisa chegou num ponto que nem se falava "boas maneiras" mais, achei que o negócio ia sumir.
No entanto, ultimamente, venho observando o que me parecem ser as "linhagens resistentes das boas maneiras". As pessoas ficaram tão duras umas com as outras e com a vida que hoje em dia, que ser tratado com educação e cortesia está virando quase que um presente, uma coisa de elite, um luxo. Quem não se impressiona quando se depara com alguém extremamente educado? A gente se impressiona tanto, que tem que tomar cuidado para não confundir cortesia com competência! Faz um teste: Liga num lugar, ou vai numa loja, aonde você sabe que o atendimento é ótimo e vê se você não acredita em tudo o que o cara te diz?
Educação virou estratégia de marketing! Quem diria!
É interessante a gente ver como os "valores" são cíclicos, como tudo, a gente faz revolução, faz revolução, e termina que nossa revolução última é voltar para de onde viemos e chamar isso de "insight".
"Insight" ou não, as educação está voltando com tudo! As pessoas estão tão carentes de gentileza que ser gentil é quase um ato de caridade. A boa notícia é que é daquele tipo de caridade que a gente lucra também, porque quando a gente é gentil e educado com os outros, em grande parte das vezes, eles nos retribuem, e percebemos como somos carentes de gentileza também, como nos impressionamos quando vislumbramos humanidade nas outras pessoas... E se isso não for motivo para ser gentil e educado... "Vem cá menino, sua mãe não te deu educação não?"
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