domingo, 15 de março de 2009

Diário de uma exploradora Parte III

Querido Diário,
Fui acometida de uma síndrome de idéias que está me enlouquecendo. Meus dias continuam ocupados, continuo tentando ler meus blogs preferidos, mas agora parece que tudo vira idéia para o blog e a minha vida no mundo "real" começa a meio que se fundir com a vida na blogsfera... Tudo o que me acontece lá, na vida real, parece que vira tema para eu escrever aqui e meu caderninho de anotações vibra com páginas e páginas de idéias na fila da postagem...
Quero entrevistar pessoas, quero falar sobre o que ando lendo, quero colocar minhas observações mais recentes... mas nao dá! As vezes parece que se eu não escrever eu não faço as coisas que dão idéias do que escrever! Ai!
Esse fim de semana mesmo dei um tempo na blogsfera e sai com uns amigos das antigas e outros agregados. Dentre os agregados tinha um cara de Belém e como as conversas ao redor de mim têm uma leve "tendência" a se transformar em questões culturais, adivinha qual foi o assunto?
Primeiro ele falou sobre o sotaque dele e achei meio vergonhoso que eu também não sabia identificar de onde ele era... ele disse que quase ningém aqui em SP sabia e achávamos que ele era do RJ... Realmente, eu teria chutado RJ...
Depois ele falou do preconceito que o pessoal do norte sofre quando vem para cá e isso me deixou pensando...
Ele falou sobre como eles têm dificuldade em fazer amigos por aqui, como sentem que as pessoas os olham torto quando falam "alto demias" para os padrões daqui e sobre como sentem falta da proximidade que têm com as pessoas lá, essa coisa de conhecer o vizinho, coversar com as pessoas no ônibus e etc. ... Achei interessante porque se você conversar com um paulista que vai morar na Europa existe uma grande chance de as reclamações dele serem as mesmas, então fiquei pensando, será que isso é cultural? Será que a chamada "frieza" européia, é mesmo européia ou tem algo que possa ser explicado na natureza humana? ... A impressão que tenho é que pessoas que vivem em sociedades mais sofisticadas, e por sofisticadas eu quero dizer com maior acesso à tecnologia, a bens de consumo, à educação e etc., tendem a tratar as pessoas com maior distanciamento e não ver com "bons olhos" manisfestações efusivas de emoções que contrariam o que manda a discrição. Então um paulista está para um europeu como um nordestino está para um paulista?
Fico pensando que essa coisa de "cultura" é muito complicada porque pensando assim me parece que além de haver a cultura brasileira, a alemã, a italiana e etc., também existe a cultura das pessoas sofisticadas, das pessoas educadas e cultas e etc. E aí cabe a pergunta, qual é o grau de sobreposição dessas culturas? O quanto eu estar 'aculturado' no grupo das pessoas 'educadas' aqui me garante conseguir fazer parte do mesmo grupo em outro país? Existem pontos em comum a partir dos quais posso partir pra me adaptar melhor a um novo grupo?
Eu, pessoalmente, penso que sim, penso que a educação, tanto no que se refere à escolaridade quanto a boas maneiras, é sempre um ponto de partida, uma espécie de referencial comum em qualquer lugar, mas isso é um assunto para um futuro post.

2 comentários:

  1. Vou partir de um exemplo:
    vejo muitos brasileiros na Italia que repetem a alta voz com orgulho "eu tenho orgulho de ser brasileiro". Oras, acho otimo que cada um seja feliz com quem eh e o seu papel neste mundo. Mas talvez o fato de colocar para fora esse lado brasileiro, que é super justificável, faz aumentar da outra parte o orgulho de ser italiano. E aumentam os muros que separam os dois mundos.

    Talvez as coisas funcionem melhor para quem nao esta preocupado com origens, mas com o conteudo. Nao eh uma questao de perder as origens, mas simplesmente de nao viver seguindo rotulos.

    Bem, foi um pensamento que passou pela minha cabeça...

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  2. Ciao caríssima! Concordo plenamente com você, o rótulo, no caso "brasileiro" ou "italiano", acaba sendo um escudo quando nossa origem se torna o ponto central a partir do qual nos definimos, e isso acontece muito quando se vai para fora! Ao mesmo tempo em que ele pode servir de conforto, por exemplo, você se juntar à comunidade dos brasileiros, ou quando você ver coisas erradas você pensar que um brasileiro nunca faria isso, ou no Brasil não é assim... enfim, o problemas de "levantar a guarda" de um lado, é que ela se levanta do outro, como você colocou, e aí a interação fica bem difícil!

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